sexta-feira, 30 de março de 2007

recebimento de carta (em dois movimentos)

para A. W.
(musa)
i.andante
cada passo
meu passeia
em ti passando
na saudade: passado

ii.allegro
cada carta
tua presenteia
tua presença
a mim presentificando
em mim: presente
Eusébio, 29.3.7.
Rodolfo Silva

quarta-feira, 28 de março de 2007

ao que escrevo

ao que escrevo, escrevo
afinal não é todo dia
andar ruas silenciosas.

ao que escrevo,
essa hora imediata
mente para o poeta.

ao que escrevo,
parto de onde

algo

definitivamente,
espero.
não acabo.
foi assim mesmo
ao que escrevo.


Eusébio, 28.3.7.
Rodolfo Silva

segunda-feira, 19 de março de 2007

efeméride No. 13.070 - passagem do equinócio

s. m. Cada uma das duas épocas em que o Sol passa pelo equador, fazendo os dias iguais às noites em todos os países do mundo. (michaelis)

dias ='s noites

Eusébio, 19.3.7.
Rodolfo Silva

sexta-feira, 16 de março de 2007

o que dizer de uma sexta-feira como essa? que dia é hoje?

foi assim, a minha primeira sexta-feira:

de manhã, eu tava esperando aquele ônibus para um lugar aprazível - qual era mesmo o nome do lugar? acho que era.

no fim da manhã eu tava numa praia de areia e mar sem fim. foi mesmo assim?

acho que na hora do almoço, eu tava com um fastio danado. isso foi mesmo.

quem me disse que de tarde eu tava saindo pra rua? foi mãe, não.

agora, de noite, com certeza, eu tava a fim de esquecer esse dia sem ela.



Rodolfo Silva
Eusébio, 16.3.7.
"De desde que falei, Diadorim quis muito saber o presente qual era, assim apertando comigo com perguntas, que sem aperreio deixei de responder, até de tarde, quando fizemos estância. A parança que foi - conforme estou vivo lembrado - numa vereda sem nome nem fama, corguinho deitado demais, de água muito simplificada. Aí, quando niguém não viu, eu saquei a mochila, desfiz a ponta de faca as costuras, e entreguei a ele o mimo, com estilo de silêncio para palavras."

João Guimarães Rosa
Grande Sertão: Veredas.
afe,
de mimo,
entendo pouco.
dar de mim,
exercício de ternura,
para a amada,
um presente,
"com estilo de silêncio para palavras"...
Rodolfo Silva

quarta-feira, 14 de março de 2007

Retrato do artista quando tempo (ii)

foice o tempo

força o tempo
farsa o tempo

proust, le temps
joyce, the time

fugit tempus



Nasceu Fernandes

Coisinhas de exata cabeceira, Não Recife (ii)

poronde ando
poronde andei

não tenho em conta as ruas e esquinas poronde.
é fato, que em tempos, vivo em ambicidades.
é não fato, que quase sempre, aprendo sim do mar e não do canavial.
é a obviedade que me divide, se queres saber.

a pequenicidade em silêncio me sitia.

Eusébio, 14.3.7.

por uma poética do silêncio

ética
estendida: entendida
estética

[....]
ou manifesto feito por mãos em festa – feito por mãos, pés, barriga e umbigo e o dedão do pé – manifesto não, corporifesto!

[...]
Poesia nova! Poesia velha! Simplesmente a mesma! O velho e o novo: a mesma coisa. O novo: as descobertas de crianças diante de um antigo baú no sótão. O velho se fez novo!

[.]
Como encíclicas: De Rerum Novarum! De Rerum Vetustarum! De Rerum Ipsarum![1]
Verdadeira e mesma palavra.
[...]
A do silêncio.

[..]
haicais longínquos, arre-éguas próximos, próximos.

[..]
Ética, estendida: entendida, Estética.

[...]
O livro sacramentado: Os trajes do imperador, de Christian Andersen. Do tanto que se diz e se enfeita com o tecido da roupa do rei: preferível ver a bunda imperial! [2]


Nasceu Fernandes


[1] encíclicas: autoria de Leão XIII, Rubem Alves & Nasceu Fernandes, respectivamente.
[2] do Manifesto Mutatis Mutandis.

a título de apresentação. silêncio, por favor!

"poesia? que nada!
poesia que afoga..."
Washington Menezes
17.3.7.
Mesa de bar, dragão do mar, Fortaleza
ao tempo inexistente con-fundido
trago ao hiper-espaço
mudas-palavras
escritas a qq-tempo
sem licença poética
sem engenho
no meio das coisas
Nasceu ex-machina
Rodolfo Silva
Eusébio, 18.3.7.
poesia sobre nada

In memoriam
João Cabral de Melo Neto

palavra muda significando
contrário avesso atravessa do sentido
visto

palavra mudança carga movimento
símbolo escrito lírico traz emoção
trai

muda mudança da palavra
acontece onde se tece
memória

onde se lavra
onde se planta
mudas palavras


poesia sobre nada.

poesia não é nada.



um subtítulo possível para este folhetim eletrônico (o primeiro pensado) foi a transcrição do som onomatopaico do apoio sertanejo-nordestino, sem-fim:
"tengolengotengolengotengolengotengo"...

A morte do vaqueiro
(Luiz Gonzaga e Nelson Barbalho)

ao vaqueiro Raimundo Jacó


êgadohôi

numa tarde bem tristonha
gado muge sem parar
só lembrando do vaqueiro
que não vem mais aboiar
não vem mais aboiar
tão dolente a cantar

tengolengotengolengotengolengotengo
êgadohôi

bom vaqueiro nordestino
morre sem deixar tostão
o seu nome é esquecido
nas quebradas do sertão
nunca mais ouvirão
seu cantar, meu irmão

tengolengotengolengotengolengotengo
êgadohôi

sacodido numa cova
desprezado do senhor
só lembrado do cachorro
que ainda chora a sua dor
é demais tanta dor
a chorar com amor

tengolengotengolengotengolengotengo
êgadohôi

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