sexta-feira, 17 de julho de 2020

a morte do pai - luto #3



"Estou podando meu jardim 
Estou cuidando de mim"
Vander Lee, Meu jardim


lágrimas brotam como acordes
regam tempos das lembranças.

lanço redes
puxo das memórias:
só eu e ele.

mergulho e encontro:
o pedido: ensina-me
a palavra: eu te amo
quando eu não disse que o odiava.

espelhos embaçam e confundem:
rosto e cãs: ele está.
construo os próprios brinquedos,
percorro as estradas,
despeço os patrões,
- transformo em anarquia.

e me despeço, Pai.




Redenção, 17.7.2020.
Rodolfo Selva








quarta-feira, 15 de julho de 2020

a morte do pai - luto #2




"redescobrir o sal que está na própria pele"
[...]
"Pelo simples ato de um mergulho
Ao desconhecido mundo que é o coração
Alcançar aquele universo que sempre se quis
E que se pôs tão longe na imaginação"
Gonzaguinha, Redescobrir



O bater de simples e só coração
acelerado e potente
toda minha vida, ritmos.

Foi assim.
É assim.

Não é mero respirar.
É pulsar, involuntário, muscular 
a vasculhar todo o corpo.

Quando meu pai ouviu meu coração?
Quando deixou de ouvi-lo?

Quando ouvi o coração do meu pai?
Quando deixei de ouvi-lo?

Mero respirar.
Ritmado, voluntário, pulmonar
a preencher toda vastidão.

Redenção, 15.7.2020.
Rodolfo Selva







quarta-feira, 8 de julho de 2020

a morte do pai - luto #1




"...uma nova mudança, em breve, vai acontecer
E o que algum tempo era novo, jovem, hoje é antigo
E precisamos todos rejuvenescer
Nunca mais teu pai falou..."

Belchior, velha roupa colorida


- Não!

Eu sinto uma dor inefável, por isso busco essas palavras.
Não chorarei sozinho.


Serei, aos poucos, cinquentenário.
E terei minhas próprias e velhas manhãs.

Há abismos, eles chamam fogo, terra, água e ar: combustíveis, comestíveis.

Eu não terei a mesma lembrança do meu velho, que se foi.
Apenas nossas velhices começam a se entrelaçar.


- Sim!

Houve palavras não ditas: maldições e bênçãos, juras de amor e desamor.

Nunca mais serão ditas: nas divagações do divã.

Há um presente que se achega resoluto no encontro.
Por isso, o abraço de despedida foi toda a infinita história de pai e filho: 
exata, delirante e feliz.

Redenção, 8.7.2020.
Rodolfo Selva







domingo, 1 de março de 2020

percurso de leituras


Um percurso de leituras que não foi planejado, mas seguiu uma direção, digamos, ao passado, e projetando-me ao futuro e injetando-me no presente de minha fé-lealdade-parceria com o Eterno.



Uma trajetória de leituras que teve início em 2016, quando do lançamento do livro de Eduardo Hoornaert, Em busca de Jesus de Nazaré, numa manhã de sábado, na loja Paulus, na Praça do Ferreira, Centro de Fortaleza (anotei uma data logo acima da Apresentação: 22/10/2016).
E o "último" passo foi no dia 26/02/2020, quando conclui a leitura de O Deus exilado, de Marília Fiorillo - livro que adquiri numa "livraria de R$ 10,00" num Shopping Center de Messejana, enquanto esperava o carro ser consertado numa oficina e eu garimpava alguns livros.

Com certeza, omiti alguma, mas o que marca esses rastros que interligam as páginas é que esses livros exploram o contexto histórico-cultural e teológico da antiguidade desde o pré-Advento até o início do período dos pais apostólicos.

Esse passado me conta muito do presente...
É impressionante como realidade distintas podem dialogar.
O passado nos ensina.
Essas leituras trazem-me muitos ensinamentos, diria mesmo, sabedorias.
São oportunidade para alargar as fronteiras, desmontar as barreiras que inibem o meu abraço e o meu braço na direção do outro e de mim mesmo.
Afinal, considero que me aprendemos a encolher e a recolher o braço e o abraço.

Enfim, essa jornada é parte da minha jornada de leituras e de caminhante, como discípulo do Nazareno.
E isso é outra história.

Links para informações sobre os livros:

Em busca de Jesus de Nazaré (2016), Eduardo Hoornaert, Paulus
Introdução ao misticismo do templo (2017), Margaret Barker, É Realizações
Jesus - aproximação histórica 7ª ed. (2014), José Antonio Pagola, Vozes
A revelação (2018), C. Baxter Kruger, Sextante
A glória de Deus é o homem vivo - a profissão de fé de Santo Irineu (2010), Donna Singles, Paulus
O Deus exilado - breve história de uma heresia (2008), Marilia Fiorillo, Civilização Brasileira

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

#resmungo #0

Há um tempo, venho procurando uma alternativa ao blog, com o desejo de escrever mais e regularmente, talvez editar vídeos.

Não penso em, exatamente, uma temática, mas várias, pois meus interesses e leituras fluem, estando na maioria das vezes entre as fronteiras das linguagens.

Gostaria de adentrar a temática teológica, mas não sou teólogo.

E há, nesse meio, muita rigidez e isso não me atrai.
O exercício da reflexão teológica é um exercício de tradução e de interpretação. Faz-me lembrar a própria literatura.

Algo que está nesse processo é a busca de um "título". E neste fim de ano (2019), eu me deparei com a palavra "resmungo"! EUREKA!

Visitei o Houaiss:


Mas, tem algo de controverso na minha escolha...
Não é para parecer-&-ser "com mau humor".

Por isso, gostaria de mexer-remexer a palavra resmungo até virá-la resmunganga. 
E percebi ainda de que res-mungar dialoga com com-mungar.


Redenção, 2.1.2020
Rodolfo Silva


Quixadá On The Air #01

Nos dias 15 e 16 de abril de 2023, aconteceu o  Final de Semana Pan-Americano do SOTA 2023.  A equipe SOTA CEARÁ, organizou uma expedição no...