quarta-feira, 8 de julho de 2020

a morte do pai - luto #1




"...uma nova mudança, em breve, vai acontecer
E o que algum tempo era novo, jovem, hoje é antigo
E precisamos todos rejuvenescer
Nunca mais teu pai falou..."

Belchior, velha roupa colorida


- Não!

Eu sinto uma dor inefável, por isso busco essas palavras.
Não chorarei sozinho.


Serei, aos poucos, cinquentenário.
E terei minhas próprias e velhas manhãs.

Há abismos, eles chamam fogo, terra, água e ar: combustíveis, comestíveis.

Eu não terei a mesma lembrança do meu velho, que se foi.
Apenas nossas velhices começam a se entrelaçar.


- Sim!

Houve palavras não ditas: maldições e bênçãos, juras de amor e desamor.

Nunca mais serão ditas: nas divagações do divã.

Há um presente que se achega resoluto no encontro.
Por isso, o abraço de despedida foi toda a infinita história de pai e filho: 
exata, delirante e feliz.

Redenção, 8.7.2020.
Rodolfo Selva







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