não me lembro ao certo quando isso começou.
parece que foi numa certa infância, anterior.
minha criação de hipopótamos me surpreende a cada dia.
"vi chegar um hipopótamo, que me arrebatou"
adoro mesmo quando, ao chegar, lá vêm eles saltitando balançando suas panças em minha direção. claro que é assustador, mas me divirto com esses seres gigantescos.
"vi que o meu animal galopava numa planícia branca de neve"
nunca tive um bicho de estimação que fosse meu, a não ser alguns cachorrinhos sem graça, que por algum motivo, também sem graça, chegaram às minhas mãos.
tudo mudou quando deparei-me com a grandeza desses bichos,
numa viagenzinha feita ao Egito.
"Talvez por isso entraram os objetos a trocarem-se; uns cresceram, outros minguaram, outros perderam-se no ambiente, um nevoeiro cobriu tudo,-- menos o hipopótamo que ali me trouxera, e que aliás começou a diminuir, a diminuir a diminuir, até ficar do tamanho de um gato. Era efetivamente um gato. Encarei-o bem; era o meu gato Sultão, que brincava à porta da alcova, com uma bola de papel..."
é dispendioso manter tal bichano.
dizem que sou louco por causa de meu bem-querer ao animalzinho.
Anotações em itálico do Capítulo VII - "O DELÍRIO", do livro
"Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis
Fortaleza, 4.9.8.
Rodolfo Silva
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