Viver? “Viver é muito perigoso!” Frase de jagunço, doutor?, quase cangaceiro, uma questão de fronteira, perigosa. “E a vida, diga lá, o que é, meu irmão?” disseram ou li que foi Wittgenstein que escreveu: “o limite do meu mundo é o limite de minha linguagem”. Vice-versa também serve. Ora, qual meu limite? De uma linguagem linear, que ocupa, letra-a-letra, um espaço vazio, numa folha, numa tela. Ou no ar, ao falar. Descobri, recente, foi lendo Edgar Morin, que não vivo em crise. Vivo uma síncrise! Vivo síncrise! Sou síncrise? (quem quiser que vá a um dicionário – Aurélio ou Houaiss – o mesmo e sempre e velho, de descobertas palavras novas, pai-dos-burros-e-das-burras. Mas, lembre-se: “viver e não ter a vergonha de ser feliz, cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz”). Vida contraditória vida! Vida, só possível no ilimitado universo, multiverso, por causa de uma ridícula limitação telúrica. Vida frágil vida! Planeta bola ovo azul, em suas limitadas variações, dia-noite, dia-noite, dia-noite, quente-frio, claro-escuro, perto-longe, quintal-universal. “Eu sou trezentos, trezentos-e-cincoenta”. Édipo é de pó! Meu pai também.